Dia internacional do Orgulho Não binário

Somos ensinados a pensar o mundo em opostos, a luz e a sombra, o bem e o mal, o homem e a mulher. Assim, quando pensamos os gêneros de forma binária deixamos de lembrar que entre o homem e a mulher existem outros gêneros, como: trans homem, trans mulher, travesti, pessoa trans, transgênero, entre outros. A não binariedade é uma forma de reconhecer a diversidade e a fluidez da identidade de gênero.

Por que essa data?

O dia internacional do Orgulho não binário é celebrado no dia 14 de julho, pois conforme o calendário ocidental essa data fica entre o dia do homem e o dia da mulher.

Enquanto a sociedade frequentemente associa características, papéis e expectativas específicas de gênero com base na binaridade de ser homem ou mulher, as pessoas não-binárias desafiam essas normas na busca de viver e se expressar de acordo com sua identidade de gênero autêntica, independentemente dos estereótipos e das expectativas sociais.

Definição de pessoas não binárias 

Sabemos que o gênero atribuído no nascimento é geralmente baseado em características físicas do sexo de maneira binária, isto é: indivíduos do sexo masculino são atribuídos a homens, enquanto indivíduos do sexo feminino são atribuídos a mulheres.

No entanto, pessoas não binárias desafiam essas normas, são aquelas que não se identificam dentro do binário de gênero, ou seja, não são nem homens e nem mulheres.

Não binário é um termo guarda-chuva, ou seja, engloba diversas identidades que vão para além do ser homem ou mulher, que estão fora ou entre o espectro tradicional da binaridade de gênero (masculino-menino-homem/feminino-menina-mulher). Confira alguns exemplos:

Gênero fluido

São pessoas que experimentam a fluidez de diversos gêneros.

Agênero

Aqueles indivíduos que não se identificam com nenhum gênero em específico. O termo “agênero” é usado para descrever pessoas cuja identidade de gênero não é definida por conceitos tradicionais de masculinidade ou feminilidade.

Bigênero 

São pessoas que se reconhecem com dois gêneros – não necessariamente homem e mulher – podendo ser masculino e feminino, masculino e não-binário, feminino e não-binário, entre outros.

Pessoas andrógenas

O termo “andrógino” deriva do grego andros (homem) e gyné (mulher) e é usado para descrever indivíduos que apresentam características de ambos os sexos ou que não se encaixam claramente nas expectativas sociais de aparência e no comportamento masculino ou feminino.

Bandeira não-binária

A bandeira do orgulho não binário é composta por quatro faixas horizontais nas cores: amarelo, roxo, branco e preto. 

Amarelo: fora do conceito binário de gênero;

Branco: pessoas que são de muitos gêneros; 

Roxo: fluidez e multiplicidade das experiências de gêneros;

Preto: agênero ou sem gênero.

Pessoas não binárias são pessoas trans?

Pessoas trans são aquelas que não se identificam dentro do gênero que lhes foi imposto no nascimento. Portanto, pessoas não binárias são, sim, pessoas trans.

Linguagem neutra

Também conhecida como linguagem inclusiva ou neolinguagem, a linguagem neutra tem o objetivo de incluir todas as identidades de gênero existentes. 

Além disso, se preocupa em utilizar termos e expressões que não reforcem esses estereótipos de gênero. Ou seja, além dos pronomes, os substantivos e os adjetivos também podem variar como uma forma de inclusão.

Até dados do ano de 2021, o Brasil possuía 34 projetos de leis contra o uso da linguagem neutra.

Lembre-se que o uso de pronomes adequados ao gênero é uma forma de respeitar e validar a identidade de gênero de uma pessoa não binária. Assim, pessoas não binárias podem adotar uma variedade de pronomes no Português brasileiro, como: “elu” e “delu” enquanto alternativas neutras aos pronomes tradicionais de gênero.

Você pode substituir “meninos”/“meninas” por pessoal, galera, pessoas, indivíduos. Ao invés de chamar de “amigos” ou “amigas” você pode dizer “amigues” ou “amizades”, ou seja, termos que não pressupõem determinadas identidades de gênero.

É importante apoiar e respeitar as pessoas não-binárias, bem como reconhecer sua identidade de gênero como válida e legítima.

Artigo: Quando se fala de linguagem neutra, não é de linguagem neutra que se fala

Há um trecho do artigo “Quando se fala de linguagem neutra, não é de linguagem neutra que se fala” escrito pela linguista Jana Viscardi que diz “… pensar no impacto do uso dessas formas no seu cotidiano, é pensar a quem se destinam e como são empregadas hoje. Você, que se identifica como mulher ou como homem, não verá qualquer mudança na maneira como se refere a si mesma/mesmo. Mas se convive com pessoas que empregam a linguagem neutra para falar de si, é na fala direcionada a elas que você poderá fazer algumas mudanças, negociáveis e ajustáveis ao longo da conversa. Há, inclusive, formas já existentes na língua que permitem esse cuidado com o outro.”

Leia o artigo completo nesse link.

Manual para o uso de linguagem neutra em língua portuguesa 

Com certeza você já encontrou em textos da internet escritos: “amigxs” ou “amig@s”, porém esse uso dificulta a compreensão de pessoas cegas, surdas, dislexas ou com transtorno do espectro autista, pois os softwares usados na leitura de textos não reconhecem essas palavras. 

Produzido por Gione Cae e o design realizado por Gabe Gaona, o Manual para o uso de linguagem neutra em língua portuguesa, esclarece e dissemina informações acerca da linguagem neutra com base nos estudos informais e independentes feitos pelo autor. 

Confira o Manual completo aqui.

Perfis de pessoas não binárias para você acompanhar

Julianna Motter (@juliannamotter) é sapatã não binárie, professora e pesquisadora. Sua jornada envolve a pesquisa de lesbianidades e sapatonices, tecnologias de gênero e sexualidade, culturas digitais e éticas relacionais.

Nick Nagari (@nicknagari) é graduando em Ciências Sociais, cria conteúdo sobre bissexualidade e transgeneridade a partir de uma perspectiva negra, gorda e não binária.

Perfis com conteúdo sobre não binariedade

A Brava (@brava.sp), segundo a Bio do perfil do Instagram, é um espaço de conexão dedicado a discussão e compartilhamento de conhecimentos produzidos por pessoas trans e mulheres cis. 

Jana Viscardi (@janaisa) é doutora em Linguística pela Unicamp. Produz conteúdo no YouTube com foco em linguagem. 

Pesquisa sobre a proporção de pessoas identificadas como transgênero e não binárias no Brasil

Um estudo pioneiro na Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) estimou que cerca de 2% da população adulta brasileira são indivíduos que se identificam como transgêneros ou não-binários. Foram seis mil pessoas em 129 municípios de todas as regiões do país, sendo aproximadamente três milhões de pessoas localizados de forma homogênea por todo o Brasil. 

A pesquisa também apontou que pessoas não binárias têm menos probabilidade de estar em um relacionamento em comparação com indivíduos cisgênero.

Desse modo, é urgente o impulsionamento de políticas públicas de saúde voltadas para pessoas não binárias, assim como a realização de pesquisas que sejam elaboradas em amostras diversas quanto à idade, raça/etnia e nível socioeconômico.

Confira o artigo na íntegra aqui

Reconhecer e validar a pluralidade de gênero para além do binário é essencial para promover a inclusão e o respeito.

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